Polícia investiga Arruda em suposta cobrança de propina nos Transportes
Ex-governador do DF seria beneficiário de suposto esquema, diz delegado.
Advogado de Arruda negou o envolvimento dele com as denúncias.
A Polícia Civil do Distrito Federal investiga a participação do ex-governador José Roberto Arruda no suposto esquema de pagamento de propina na Secretaria de Transportes do DF revelado pela operação Regin, iniciada nesta sexta-feira (7). Arruda seria um dos beneficiários do esquema, segundoa a polícia. A defesa do ex-governador nega envolvimento dele com irregularidades.
De acordo com a investigação, servidores da secretaria teriam cobrado propina de R$ 600 mil para que uma Cooperativa dos Profissionais do Transporte Alternativo do Gama (Coopatag) colocasse 50 micro-ônibus em circulação, apesar de a entidade ter ganhado licitação para operar no sistema de transporte.
O valor teria sido aumentado depois para R$ 800 mil. A cobrança teria ocorrido entre o final de 2008 e início de 2009. Segundo a investigação da polícia, o valor teria sido cobrado a mando do então secretário dos Transportes, Alberto Fraga, para autorizar a circulação dos micro-ônibus. Nesta sexta-feira, Fraga negou as denúncias.
Parte dos R$ 800 mil, segundo o delegado André Luiz Salal, seriam destinados ao então governador. "Depoimentos indicam que a propina se destinava não só a Alberto Fraga, como também a José Roberto Arruda. Os depoimentos indicam que R$ 300 mil foram destinados ao então governador e R$ 200 mil ao então secretário", afirmou.
O advogado do ex-governador, Paulo Renato Smaniotto, disse que não há nenhuma prova que indique a participação de Arruda com o caso. Ele afirmou que desconhecia o teor da investigação e que Arruda não havia sido notificado sobre as denúncias.
O delegado disse que não conseguiu fundamentação para pedir a prisão preventiva do ex-secretário, mas ele deve ser denunciado pelo suposto envolvimento com a cobrança de propina.
A operação
Nesta sexta-feira, a polícia expediu 16 mandados de busca e apreensão e cinco de prisão temporária, dos quais três foram cumpridos pelos agentes da Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco). A operação foi batizada de Regin, em referência ao “anão da ganância da mitologia nórdica”, informou a polícia.
Foram presos na operação Josenildo Batista da Silva, José Estelito e Adevando Pereira da Silva. Segundo a polícia, o ex-secretário adjunto de Transportes Júlio Urnau e o ex-assessor especial de governo na gestão do ex-governador José Roberto Arruda José Geraldo Oliveira de Melo permaneciam foragidos neste sábado.
O diretor administrativo da cooperativa, Hertes Sousa, disse que não sabia da investigação e que estava “surpreso” com o caso. Ele disse que foi de “livre e espontânea vontade” para a delegacia prestar esclarecimentos. Ele disse não saber do teor da investigação sobre suposta cobrança de propina.
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