Inframérica prevê R$ 75 milhões em obras no aeroporto de Brasília
O grupo argentino Inframérica prepara a maior intervenção no aeroporto de Brasília desde que o terminal passou por uma megarreforma para a Copa do Mundo de 2014. Serão investidos cerca de R$ 75 milhões em duas obras. Uma delas, mantida em segredo pela concessionária até a colocação de tapumes no fim de semana, está pronta para começar e deve durar seis meses: a construção de nova área de quase seis mil metros quadrados que funcionará como ponto de embarque e desembarque de passageiros que chegam por táxis, carros de aplicativos de transporte ou vans de locadoras de veículos.
Outra obra com data praticamente certa é o "retrofit" e a ampliação do espaço para voos internacionais. Os trabalhos devem começar em março de 2020, segundo cronograma traçado pela Inframérica, e demorar em torno de 18 meses. Com essa remodelação, o número de fingers (pontes que conectam o terminal diretamente aos aviões) aumentará dos atuais quatro para sete.
De imediato, estão previstas as duas obras em Brasília. Na primeira delas, o objetivo é resolver a confusão que se cria na saída do desembarque do terminal. Um levantamento da Inframérica indica que 1,056 milhão de carros de aplicativos, 273 mil vans de locadoras e 16,4 mil vans de turismo passam todos os anos pelo local. Apesar das 15 faixas de trânsito disponíveis em dois pisos diferentes, a própria operadora admite que a alta concentração de pessoas gera congestionamento desnecessário e desconforto aos usuários.
Cafés, playground e arte
Uma intervenção orçada em R$ 15 milhões promete acabar, literalmente, com esse cenário. O novo espaço, batizado de "praça pick up" pela concessionária, inclui uma série de serviços: cafés, restaurante, bar, playground e até uma área para exposição de artes. "Queremos dar vida e uma pegada cultural à praça", afirma o diretor comercial da Inframérica, Ian Joels. Além dos investimentos próprios, a expectativa é atrair outros R$ 10 milhões em estabelecimentos dos parceiros.
Em março de 2020, com previsão de durar um ano e meio, começa a obra na área internacional do aeroporto. A medida tornou-se mais importante com o movimento de abertura de novos voos para o exterior. No ano passado, o Distrito Federal reduziu de 12% para 7% a alíquota de ICMS cobrada sobre querosene de aviação. Para usufruir do benefício, no entanto, as companhias aéreas precisavam cumprir requisitos numa tabela de pontuação -- voos de longa distância contam mais, voos para países vizinhos contam um pouco menos.
Desde então, a Gol abriu voos para Miami e Orlando, além de ter retomado a ligação direta Brasília-Buenos Aires. A Latam acabou de anunciar novas rotas da capital para Assunção, Lima e Santiago.
"Estamos otimistas em ter mais um voo para a Europa", acrescenta Djedjeian. A obra na área internacional deve consumir em torno de R$ 60 milhões.
Terceira maior movimentação do país
Privatizado em 2012, o aeroporto Juscelino Kubitschek (DF) tem a terceira maior movimentação do país -- perde apenas para Guarulhos e Congonhas (SP). Um pico de demanda foi registrado com 19,8 milhões de passageiros em 2015. Depois, vieram os efeitos da crise econômica. O movimento caiu para 17,8 milhões de passageiros no ano passado e a projeção da concessionária indica um recuo de até 6% neste ano, principalmente como reflexo do colapso da Avianca, que tinha Brasília como seu principal "hub".
O vice-presidente da Inframérica, Juan Djedjeian, reconhece que as operações da empresa no Brasil ainda estão deficitárias quando se inclui o pagamento anual de outorga ao governo e aportes dos acionistas têm sido necessários para fechar as contas.
No entanto, o executivo diz que a possibilidade de devolver o aeroporto à União não passa pela cabeça do grupo. "Assumimos um compromisso com o país e Brasília é um ativo fundamental nos nossos negócios", observou Djedjeian. A Inframérica detém 51% do terminal (os outros 49% pertencem à Infraero) e 100% de São Gonçalo do Amarante (RN).
Sua controladora, a Corporación América, opera 52 aeroportos em sete países diferentes -- os outros são Argentina, Uruguai, Peru, Equador, Itália e Armênia. No começo de 2018, abriu capital na Bolsa de Nova York e levantou US$ 485 milhões em sua oferta inicial de ações.
No Brasil, após ter arrematado duas concessões, não participou de mais nenhum leilão. "Estudamos todos os aeroportos oferecidos pelo governo até agora, mas desistimos de fazer proposta por motivos que variam caso a caso. O importante é que seguimos interessados nas próximas rodadas de concessão."
Fonte:
https://www.valor.com.br/empresas/64...to-de-brasilia