VLT pode ser a esperança da EPTG
Estudioso aponta que Estrada Parque Taguatinga já está praticamente pronta para receber transporte moderno, com tecnologia limpa e de longa durabilidade, que irá oferecer à população mais qualidade e segurança
Transporte de qualidade, limpo, silencioso e moderno, o veículo leve sobre trilhos (VLT) é a solução definitiva para o transporte público na Estrada Parque Taguatinga (EPTG). Quem afirma é o administrador Luis Cézar Santos, que há décadas vem se dedicando ao estudo do transporte urbano sobre trilhos. Indignado com a forma com que as pessoas vêm sendo trasportadas na capital do país, Cézar Santos alerta para a necessidade de defender o transporte de qualidade como forma de defesa da dignidade humana. “Não é uma vergonha, uma violência, tratar como gado uma população que acorda cedo, produz para movimentar o PIB e rala para caramba para colocar esse país na condição de sexta economia do mundo?”, questiona. Implantar uma linha de VLT/metrô que partisse do Centro de Taguatinga, a partir da Comercial Norte, até o centro de Brasília iria amenizar os transtornos.
Para o pesquisador, Brasília está perdendo o “bonde da história”, assim como o próprio país perdeu a cultura do transporte urbano sobre trilhos quando optou, na década de 1970, por desativar as antigas linhas de bonde e instalou a cultura do ônibus. Enquanto isso, a Europa e os Estados Unidos modernizaram seus bondes que se transformaram em VLTs. Mas nem todos corroboram em perpetuar a cultura do ônibus e algumas capitais brasileiras estão despertando para as soluções modernas a exemplo de Cuiabá (MT) e Goiânia (GO) que estão correndo com suas licitações para implantação de VLTs.
Para se ter ideia, o VLT de Cuiabá, em fase de licitação, é uma obra complexa que terá 22 quilômetros, 31 veículos, 33 estações, 3 terminais de integração, 4 viadutos, 1 elevado no aeroporto, 3 trincheiras, alargamento de avenidas, saneamento, 2 novas pontes, sendo uma sobre o Rio Cuiabá. O projeto foi orçado em R$ 1,2 bilhão, totalmente financiado pela Caixa Econômica, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os R$ 453 milhões do governo federal destinados ao corredor de ônibus, descartado pela população e pelo próprio governador, foram para o VLT cuja inspiração é o modelo da cidade do Porto, em Portugal.
Em Goiás, o projeto final para implantação do VLT no Eixo Anhanguera, em Goiânia, depois de aprovado, será anunciada a licitação da obra cuja previsão é de ocorrer entre 30 de abril e 30 de maio. A pré-aprovação da proposta do VLT para Goiânia foi feita pelo Ministério das Cidades no final do ano passado e, a exemplo do projeto de Cuiabá, a obra também está orçada em R$ 1,2 bilhão.
Enquanto isso, o Governo do Distrito Federal vem divulgando que vai investir mais de R$ 500 milhões em corredores de ônibus, utilizando o BRT, um ônibus articulado que, segundo o pesquisador, consiste em “um simples corredor de ônibus, poluente, barulhento, um arremedo de VLT, sobre pneus”. Para ele, os corredores já nascem saturados e, investindo um pouco mais, seria possível assentar 18 quilômetros de trilhos do VLT pela Comercial Norte até o Sudoeste. Segundo estima, o VLT da EPTG, sem as obras complexas do VLT de Cuiabá, teria um custo muito menor. A pista, uma das etapas mais caras do projeto, está pronta, bastando adequações topográficas para receber os trilhos, retornos, acessibilidade, paradas. “O VLT poderia trafegar no canteiro central, no lugar dos ônibus. As pessoas iriam deixar o carro em casa, como em qualquer país civilizado e usufruir de um transporte confortável, moderno, rápido, silencioso, seguro”, argumenta.
Para César Santos, o transporte público de Brasília está no limite do caos. Ele critica a gestão dos recursos aplicados na EPTG. “Gastaram R$ 306 milhões do incauto contribuinte na EPTG, ainda inacabada, perigosa, apenas para colocar ônibus em cima? É um deboche. Fizeram as contas do custo benefício? O VLT da EPTG iria durar décadas, como o metrô”, analisa o pesquisador.
Vantagens
O engenheiro de tráfego Paulo César Marques considera pouca a diferença de capacidade de transporte entre o veículo leve sobre trilhos (VLT) e os ônibus articulados que serão implantados nos corredores exclusivos da EPTG. Ele alerta que, quando fala de corredor exclusivo de ônibus, toma como referência a experiência bem-sucedida implantada em Curitiba (PR).
Cada um dos meios de transporte apresenta vantagens e desvantagens. No caso do VLT, trata-se de uma tecnologia moderna, mais limpa e tem, de fato, uma grande durabilidade. No entanto, também tem um maior custo na compra dos trens e também na manutenção da rede elétrica.
Com os ônibus articulados, além da grande capacidade de transporte de uma vez, o pesquisador aponta que há maior flexibilidade no sentido de que é possível a esse transporte sair do corredor exclusivo, entrar nas cidades e depois voltar para o corredor, enquanto o VLT possui a limitação de ter que se manter na mesma linha.
Paulo César afirma não ter preferência entre os dois veículos e diz que tudo depende do planejamento para a integração dos módulos diferentes. Sobre a possibilidade de que a introdução do VLT venha a contrariar interesses que giram em torno da indústria dos ônibus, ele afirma que não há como fugir desse tipo de situação e que em algum momento é preciso se adaptar às mudanças.
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