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  #261  
Old Posted Jun 12, 2012, 6:38 PM
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Bolivar, mi heroe
 
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Originally Posted by Jota Ferro View Post
Desista cara, já tentei explicar varias vezes, mas não adianta . O negocio é esperar que a UNESCO aplique "multas" sobre quem não cumprir o seu "tombamento".
Concordo caro colega Jota Ferro. O assunto morre aqui, cada um acredita no que quiser.... e vamos seguindo nossas vidas com novas discussões.
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  #262  
Old Posted Jun 14, 2012, 4:27 PM
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Originally Posted by hugokeys View Post
Concordo caro colega Jota Ferro. O assunto morre aqui, cada um acredita no que quiser.... e vamos seguindo nossas vidas com novas discussões.
Eu também acho interessante essa discussão, cada um tem seu ponto de vista (LEGAL), pois eu nem preciso aqui colocar os PODERES de intervir. agora é fato, a pessoa juridica da UNESCO vai ser representada nesse novo orgão de tratará a respeito da área tombada, e isso não tem nada haver de perda de soberania.

Se fosse assim, porque não o BRASIL deixe de ser signatário da UNESCO. Pronto resolvido o problema.
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  #263  
Old Posted Jun 14, 2012, 4:28 PM
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Brasília revisitada


Ítalo Campofiorito

"Enfim, a minha Brasília é o PP - texto e riscos;
é a arquitetura do Oscar; é "Brasília 57 - 85, do
plano piloto ao Plano Piloto", de Maria Elisa, e
"Brasília Revisitada", com ela; é a Brasília que
a legislação em boa hora proposta por Ítalo
Campofiorito, em parte, preservará".

Lúcio Costa,
Carta ao governador José Aparecido


A freqüente referência à legislação que amparou a inscrição pela Unesco no Patrimônio Cultural da Humanidade pede uma pequena explicação prévia. Trata-se de Decreto 10.829/87 promulgado pelo governador José Aparecido face à exigência da Unesco de que a autoridade local previsse defesas legais para o bem cultural em questão. Dois caminhos apontavam suas respectivas soluções. Um amplo estudo fora elaborado por um grupo de trabalho (MinC, UnB e GDF) e nele se descreviam, numa abordagem morfológica abrangente e exaustiva, as características urbanas a preservar (inclusive as fazendas locais antigas, os acampamentos, cidades satélites e demais resíduos da implantação). Outra solução fora pensada por mim e proposta a Lúcio Costa, que a aceitou: criava-se o instituto jurídico do tombamento de Brasília e tombava-se a cidade de forma inovadora - fixando-se a sua "escala" no essencial, liberando-se as edificações em geral, com exceção dos monumentos excepcionais, para qualquer modificação que não rompesse com a escala em que se inseria. A primeira solução pareceu a Lúcio Costa e ao governador adequada apenas "para uso interno" (Lúcio Costa), ou seja, para medidas de proteção tão vastas e minuciosas que teriam forçosamente existência transitória, não interessando à Unesco, preocupada apenas com a proposição urbana e arquitetônica original. A segunda solução revelou-se impraticável do ponto de vista prático-legal. O poder executivo do DF não poderia instituir o tombamento sem decisão legislativa - do Congresso Nacional, absolutamente ocupado com sua atuação constituinte. Restou um terceiro caminho: regulamentar a Lei Santiago Dantas (3.751/60) que protegia o "Plano Piloto" em seu desenho, sem defini-lo em termos físico-territoriais. Essa oportunidade era mais instigante e desafiadora e, ao mesmo tempo, mais concreta e eficaz do que um tombamento surpreendente demais. Em 7 capítulos e 16 artigos condensou-se o essencial da única cidade modernista existente por inteiro. Com o apoio da Unesco a população de Brasília, se estiver de acordo, poderá preservar a sua cidade.

O título, surgido entre Carlos Eduardo Comas e mim - não sei bem por que, talvez por pura precaução, diante de um tema tão batido - acabou por parecer adequado, capaz de suscitar novas referências. Trata-se do Centenário de Le Corbusier e dos 50 anos da viagem ao Brasil para o projeto do Ministério de Educação e Saúde Pública; são 25 anos (um quarto de século) desde a visita de 1962, que acompanhei dia a dia; era uma primeira visita à Brasília, mas uma revisita aos princípios corbusianos, à doutrina para a cidade contemporânea. Curiosamente, em 1976, eu escrevera para a Arts and Artists, de Londres, matéria chamada "Brazilian Architeture, Up to the Present", onde um dos capítulos já se intitulava: "Os anos 60 - Brasília revisitada". Meus comentários de hoje são uma nova visita a tudo aquilo; volto justamente de lá, onde apresentei uma idéia minha para uma legislação de preservação, um texto simples e eficaz, já transformado no decreto governamental que vai respaldar a inscrição de Brasília na Unesco, como Monumento da Humanidade. Uma coincidência: em anexo ao decreto segue um texto de Lúcio Costa, escrito em fevereiro deste ano [1990], também chamado "Brasília Revisitada". E ainda há, finalmente, um argumento curioso. Há tempos que eu noto a importância do visitante, personagem que se confunde com o viajante, na apresentação de projetos de nossos modernistas - tanto os de Le Corbusier como os de Oscar Niemeyer ou de Lúcio Costa. Os principais projetos de Oscar são sempre mostrados a seus leitores como revelações, descobertas de formas inusitadas a envolver o olhar de um visitante; Dr. Lúcio ao defender seu projeto, dez anos depois, diz que "todo brasileiro, mesmo aqueles que habitam as metrópoles do Rio e São Paulo, ao chegar em Brasília já tem verdadeiramente a sensação de estar em sua capital". Em 1921 a "cidade contemporânea para 3 milhões de habitantes" era mostrada por Le Corbusier em Urbanisme a um viajante que chega de avião "vindo de Constantinopla ou talvez de Pequim" e vê de repente a lúcida cidade dos homens como um espetáculo organizado pela arquitetura, plasticamente, como jogo de formas sob a luz. No mesmo entrecho, outro viajante, desta vez entrando de automóvel pelo jardim inglês, a cem quilômetros por hora, descortina os arranha-céus como prisma de vidro iluminados pelo crepúsculo. São discursos arquitetônicos em que, antes de qualquer uso cotidiano, as formas falam, persuadem, convencem, plástica, e simbolicamente.

A nossa visita será guiada por três citações - ia dizendo senhas - e seguirá, como as normas legais que elaborei, o percurso das quatro escalas com que Brasília foi concebida, de forma deliberadamente isenta de objetividade excessiva ou de exaustiva abrangência. As citações são as seguintes:

1ª - "Brasília corresponde a uma sensibilidade e a uma realidade brasileiras, conquanto de filiação intelectual francesa" - Lúcio Costa - 1968.

2ª - "A ordenação geométrica e a largueza dos espaços permitiram integrar os velhos princípios corbusianos da cidade radiosa e a lembrança amorosa das belas perspectivas de Paris" - Lúcio Costa - 1968.

3ª - "Brasília surgiu num momento em que a utopia era mais verdadeira que a realidade". Do plano piloto ao Plano Piloto - texto de Maria Elisa Costa, coordenação de Lúcio Costa - 1985.

Na legislação dirigida à Unesco, a que já me referi, foi preciso achar as referências mínimas para garantir o essencial da concepção urbanística de Brasília, para preservar o que, em decorrência do plano piloto de 1957, foi construído no Distrito Federal. Como atender à Unesco e salvaguardar a cidade modernista, como tombá-la, sem imobilizar fisicamente, mas, pelo contrário, permitindo - com a exceção do resguardo de alguns prédios excepcionais, que as edificações se modifiquem e vivam sua vida e contingência urbanas através do incessante passar do tempo, do tempo com que se nutre a natureza cumulativa cultural das cidades?

A pista definitiva estava em repetidas declarações de Lúcio Costa, desde 1968: a cidade tinha sido pensada em função de três escalas - uma cívica e coletiva, outra cotidiana e uma terceira, concentrada ou gregária. Em 1974 no Senado da República lembro-me do retoque bem humorado; como os Três Mosqueteiros, as escalas de Brasília eram quatro: a monumental, a residencial, a gregária e a bucólica. Essa quarta maneira de ser capital, fora evidentemente aventada pelo aparecimento dos clubes esportivos e pelo desrespeito crescente à vegetação nativa do cerrado, sem o qual se esvairia o "contraste brusco" entre o artificial e o primevo, destinado a simbolizar a conquista civilizatória do planalto central brasileiro.

Vê-se que, já no ponto de partida - a concepção ou intuição do conjunto - Brasília mostra duas diferenças fundamentais com relação à "Ville Radieuse". Neste contexto, aliás, pretendo referir-me indiferentemente à "Ville Contemporaine pour 3 millions d`habitants" (síntese esquemática apresentada no Salão de Outono, 1922), à hipótese de trabalho do "Plan Voisin" (Esprit nouveau, 1925) e à tese de urbanismo intitulada "Ville Radieuse ou Elementos de uma doutrina do urbanismo para o equipamento da Civilization machiniste". Sigo, assim, as próprias referências de Corbusier (ASCORAL, 1943/46). Excluirei por outro lado os Algers de 1930 e 42, - as Nemours e Hellocourt de 1934, e até mesmo Chandigarh, pensada para uma zona sous dévelopée (conseqüência da penúria), já que nenhuma delas é proposta como alternativa contemporânea para a Grande Cidade - ("La Bête"), a ville tentaculaire. Ficarei resumido aos "princípios corbusianos da cidade radiosa" e "à sensibilidade e realidade brasileiras" assinadas pelas senhas que escolhi. Na tese de Le Corbusier, havia que dispor as três classes de população - os urbanos, os sub-urbanos e os mistos - conforme as quatro funções ou necessidades que seriam consagradas pela Carta de Atenas: a habitação, o trabalho, a cultura (do corpo e do espírito) e a circulação. A composição final é um sistema plástico em funcionamento ordenado para a vida, - criações do espírito, ou seja, da razão: "Une machine à émouvoir". É bom lembrar que o recurso constante à idéia de máquina não implica jamais em funcionalismo, no sentido de pensar a forma como derivada do funcionamento: essa palavra, rara em Corbusier, é aliás, usada claramente em Urbanisme: "Le fonctionalisme le plus rigoreux sállie aux splendeurs de l`architecture par le jeu de la composition et des volumes" e na aliança, portanto ou dicotomia, ou causa e efeito; às sintaxes simultâneas e precisas da forma pura e do funcionamento, junta-se uma semântica protótipa e universal; os negócios, a "Cité d`affaires", estão no coração e na cabeça da cidade, ficando o governo e a cultura arredados para o lado, próximos do jardim inglês, onde a descontração ("l`animalité" [sic]) e o romantismo são excepcionalmente permitidos; o resto é espírito de geometria: "à liberdade, pela ordem". A paisagem urbana de Brasília, denota uma organização formal, volumétrica, de dimensão existencial muito diversa: as verdes áreas residenciais ladeiam com sua altura amena e uniforme, um centro onde, como na "Ville Contemporaine", se cruzam os transportes coletivos e agrupam-se o trabalho liberal, o comércio e as finanças; a esses, no entanto juntando-se em Brasília as diversões públicas, enquanto a administração federal guarda a cabeceira do conjunto.

Mas vamos agora à nossa visita, revendo escala por escala, o que foi considerado pelo seu inventor "uma contribuição válida nativa que o tempo consolidará".

A escala monumental

Concebida para conferir à cidade a marca de efetiva capital do país, fica a escala monumental configurada no eixo monumental, no corpo leste-oeste da cidade, entre a Praça dos Três Poderes, a plataforma rodoviária, a torre de TV e a praça municipal, estendendo-se até a estação ferroviária. Dois quilômetros entre os palácios e a rodoviária, e mais um até a torre. Como em Paris, são dois quilômetros entre o arco Carroussel diante do Louvre e Rond-Point dos Champs Elysées? Como têm um quilômetro os Jardins das Tulherias? Como, para a esquerda do Rond-Point entre o Grand e o Petit Palais, até os Invalides, há um quilômetro de espetáculo inesquecível? Qual o "visitante" que resistiu à caminhada de dois quilômetros desde o Rond Point até à Etoile? Certamente andam por aí as amorosas, cultas lembranças de Paris. E não se pode esquecer que a previsão por Le Nôtre dos futuros Campos Elíseos justificaram, junto à implantação dos Invalides, os mais entusiásticos croquis de Le Corbusier, desenhados, não para aculturar a sua doutrina, mas para invocar exemplos a seu ver definitivos, de antecessores que, como ele, teriam feito tabula rasa (nappe blanche) da cidade existente, para impor modificações totais. Só que não se passeia a pé em Brasília. Pelo menos, não se passeia ainda. Tal como foi protegida para inscrição na Unesco, pode entretanto completar-se com o tempo e à sua própria maneira. Só os palácios de Niemeyer permanecerão no horizonte da Praça, como paisagem de mármore sob o movimento majestoso do céu. É fato que a Praça é "aberta, à maneira da Concórdia", "a única praça contemporânea, digna das praças tradicionais" (Lúcio Costa, 1968). Mas também é verdade que a Concórdia (pelo menos, desde que tiraram de lá a guilhotina) opõe-se justamente à tradição das praças antigas, S. Marcos de Veneza, por exemplo - porque é aberta, como a dos Três Poderes; são espaços de fruir beleza, mas que não são mais o lugar do espetáculo popular: para o povo são, ao contrário, o espetáculo do lugar. Entre os ministérios, no entanto, poderão surgir construções contínuas, com atendimento a funcionários e transeuntes que façam a esplanada mais cheia de vida urbana. Os centros culturais, hoje desertos - a UnB exerceu primeiro essas funções - poderão ser um percurso atraente e movimentado. Virão árvores mais frondosas, e os bosques de araucária, a cercá-los, serão como que a muralha verde do que, um dia, quem sabe? será chamado o centro histórico de Brasília.

A escala residencial

Concebida, como diz o decreto, para proporcionar uma nova maneira de viver, própria de Brasília, a escala residencial constitui de fato a parte mais bem sucedida na invenção da cidade. Estão agora salvaguardadas pela lei as super-quadras e as suas faixas verdes com acesso único e os 25% da ocupação máxima do solo por pilotis livres, ficando o restante, verde e de domínio público. A limitação de altura, estabelecida em seis andares poderá ser variadamente interpretada. Seis, como em Paris? Seis, porque ainda é uma boa altura para que os pais chamem os filhos a caminho da escola-classe? Seis, porque também eram seis (duplos, valendo doze) os pavimentos duplex dos rédents da "Ville Radieuse"? Mas continuarão sempre seis, o que é ótimo. Os blocos de apartamentos respondem à tese da Unidade de Habitação Conjunta, levada por Lúcio Costa à Unesco em 1952, em que um dos expectadores era Le Corbusier em pessoa: "dar morada ao homem é o desafio da tecnologia contemporânea", "o papel do arquiteto na sociedade e a unidade de habitação são temas complementares". A habitação conjunta é a herdeira da utopia socialista de Charles Fourrier (Teoria da unidade universal, 1822) e Victor Considerant (Description du phalanstère, 1848) e seus falanstérios, com ruas interiores, facilidades comuns, parques à toda volta - o conjunto inteiro sob a égide de uma Torre da Ordem - mesmos antepassados a que Corbusier chamava de grandes urbanistas, a trabalhar com idéias em vez de lápis. Desde então, a idealização urbana progressista partiu desse primeiro mandamento, a habitação coletiva do povo, "Le Palais de l`Habitation". As superquadras de Brasília, com seus andares, formam áreas de vizinhança a cada grupo de quatro, 10 mil habitantes com equipamentos comunitários e até cinemas e clubes, além de escola, igreja, correio, polícia, jornaleiro etc. A densidade média da vizinhança fica entre 300 e 320 habitantes por hectare como proporia o bom senso britânico de Thomas Sharp, por exemplo (Town, Planning, 1947). A mesma densidade de 300 habitantes por hectare nos prédios denteados de doze andares de Corbusier promoveria ocupação muito mais esparsa, espaços menos aconchegantes, menos vizinhança, menos cidade. Como que a compreender a lição inglesa, as superquadras são concebidas à maneira das neighbourhood units, em volta das escolas e jardins de infância. Ao lado de Anísio Teixeira, ouve-se a voz anglo-saxônica de Sharp: "o serviço básico de nossa civilização é a educação das crianças". É na escala residencial, nas superquadras, que se percebe primeiro o quanto Brasília é bem temperada e sua cultura humanística ficou encarnada, como sabem todos os jovens de lá, em nossa sensibilidade e realidade brasileiras.

A escala gregária

É provavelmente a que mais sofreu com o cartesianismo da concepção geral. Compõe-se, nos quatro cantos do cruzamento central dos dois grandes eixos, de setores comerciais, bancários, de autarquias oficiais, de serviços de rádio e televisão e dos dois setores de diversões, onde pracinhas e travessas poderiam de fato congregar as pessoas, em busca de cinemas, teatros, bares e o que mais se inventasse. Para preservar esse potencial as novas normas de preservação obrigarão ao mínimo: os dois compactos agrupamentos de diversões guardam seus cinco pavimentos fixos, enquanto nos outros cantos as edificações poderão alcançar até 65m de altura, ficando mantido o papel simbólico do centro urbano. Ainda que irremediavelmente apartados pelo corte dos eixos, os prédios mais altos da cidade já de longe se adivinha serem o centro, destinados ao trabalho e às diversões coletivas, e as duas massas compactas dos setores de diversões com campo livre para propaganda luminosa, lembram mais de perto, que ali estão (ou deveriam estar) as atrações noturnas, o encontro cara a cara. Por enquanto, quem vai lá e já tomou a plataforma rodoviária (diria Lúcio Costa: "como se fosse à Bastilha") é o povão das cidades satélites, os soldados e as empregadas domésticas. O que talvez seja, afinal de contas, muito bom. Porque a escala gregária não conseguiu ser planejada - eu suspeito que a vida é assim mesmo - e terá que ser criada culturalmente através do tempo, pela invenção social.

A escala bucólica

De bucólico, na "Ville Contemporaine" havia o bosque inglês, um Bois de Boulogne devidamente retangulado, para cercar os caminhos curvos e nonchalants onde o relaxamento físico (e moral...) ocuparia as horas excedentes do trabalho. Mas é verdade que toda a Cidade Radiosa seria por assim dizer verde - esporte e lazer ao pé da casa, princípio que também perpassa a nossa visita.

Em Brasília, com o novo decreto de preservação, ficam assegurados o direito popular de acesso ao lago, a freqüência dos clubes esportivos pelas classes de renda média e alta e a cobertura vegetal nativa em torno da Praça dos Três Poderes, da Esplanada dos Ministérios e das duas alas residenciais. E, por toda parte aonde se interromperam os terrenos já comprometidos com a edificação, à toda a volta da cidade, ficará a terra considerada non aedificandi para guardar o cerrado nativo, o bosque plantado, e as áreas de recreação e lazer. Entre o Lago do Paranoá e o park way de indústria e abastecimento, nesse grande triângulo irregular ficará então a figura da cidade moderna, incrustada no fundo verde que marca a passagem, sem transição do ocupado para o não ocupado. A área metropolitana, que talvez um dia se esgarce a partir das expansões já previstas e das cidades satélites, será planejada - se este ainda for um hábito do futuro - de forma a respeitar um projeto moderno do século XX que pensou poder delimitar-se racionalmente no espaço e na história.

O sistema viário

Em Brasília "a estrutura viária da cidade funciona como arcabouço integrador das várias escalas". Responde de forma lógica e comedida (para o transporte automóvel) ao apelo firme de Gideon (Space, time and architecture, 1941): "Um dia o park way entrará na cidade para percorrê-la com a liberdade com que hoje atravessa os campos.

Correspondente, sobretudo, a uma das primeiras preocupações dos urbanistas progressistas desde o primeiro plano qüinqüenal soviético: planejar para a era dos transportes. O conjunto das vias se organiza hierarquicamente: desde os eixos, com tráfego ininterrupto e das pistas locais, até os trevos, à entrada de vizinhança, e o acesso das superquadras, numa seqüência em que decresce a velocidade na proporção em que se chega ao interior das superquadras ou às praças da plataforma rodoviária, onde se pode realmente, como no Plano Piloto, falar em domesticidade dos carros e remansos de tráfego. Com a preservação legal, fixaram-se apenas os acessos únicos a cada superquadra. Como em tantas outras partes da cidade, o resto do sistema evoluirá com a tecnologia dos transportes e com os usos e costumes que sobrevierem.

Chegamos à terceira citação: a idéia de que Brasília surgiu em um momento em que a utopia parecia mais verdadeira do que a realidade não é apenas um lírico sofisma. Nem é à toa que soe poético, já que foi inspirado em comentário de Manuel Bandeira, "o projeto (de Lúcio), lembrando um avião em reta para a impossível utopia, logo dá à iniciativa um ar plausível" (Jornal do Brasil, 1957). Por quê, afinal de contas, utópico e real, utópico e plausível, ao mesmo tempo? Porque, talvez as idéias de desenvolvimento econômico e de modernização ainda eram só expectativas, a empolgar o país; porque a utopia, diria eu, é como que a vontade de ficar mudando o mundo até o ideal, sendo, tanto a utopia quanto "o progresso", obsessões históricas da burguesia.

É, com efeito, Camões, contemporâneo de Tomas Morus, o cantor dos heróis e das peripécias da aventura mercantil, quem descobre que a mudança é inevitável: "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Muda-se o ser, muda-se a confiança: Todo o mundo é feito de mudança, tomando sempre novas qualidades" (soneto 45). Mudança maior do que esse "mudar a cada dia" parecia impossível. Mas, ao preconizar a queda da burguesia, na crítica mais contundente e amorosa que já se fez da própria classe, Karl Marx, num trecho do Manifesto Comunista, afiançava em 1848 que, "todas as relações tornam-se velhas antes que cheguem a ossificar; tudo que é sólido derrete no ar". Com provável desconhecimento desses antecedentes, mas com cadência ainda mais densa e precipitada, é o nosso Le Corbusier, como um novo Fausto, quem exclama em Urbanisme "le mouvement est notre loi; jamais rien ne s`arrête, car ce qui s`arrete dégringole et pourri". Pergunto-me como ele veria os efeitos dessa ânsia de modificação permanente, em suas próprias construções.

Qual seria o diálogo entre a ininterrupta construção modernista e a cultura, que segundo Hegel, é "um estado incessante de tornar-se" (becoming, no texto que eu li - aufgehoben no original, "como o erguer-se de um novo sol..."), como aplicar esse conceito de um constante cancelamento de si, combinado à preservação do essencial ... como aplicar o conceito àquelas perspectivas em que o espaço da "Ville Contemporaine" parece cristalizado numa geometria de onde o tempo foi escamoteado?

Não sei a resposta, mas antes de finalizar esta digressão, não resisto a retomar meus temas: - ponho-me a supor que o viajante-espectador pode ser, quem sabe? o álibi, o habeas-corpus inconsciente para que a cidade moderna perdure - já que pareceria sempre nova, a cada novo visitante. E, mais do que supor, desejo que nossa recente legislação possa manter em Brasília a memória de uma idéia, enquanto a história realimenta a realidade. A verdade é que não foi a civilização machiniste que construiu as suas próprias utopias; na Rússia sub-desenvolvida surgiu São Petersburgo e foi lá que se desencadeou a Revolução Soviética de Outubro; e foi aqui, no terceiro mundo do sul, que se construiu a primeira cidade modernista. A poesia de Os lusíadas não promovera o futuro de Portugal, nem os sonhos de Marx e Le Corbusier se realizaram no mundo avançado. Tudo se passou, afinal como se, onde a ciência, a tecnologia e o desenvolvimento econômico são puro sonho, nada parecesse mais possível, nada fosse mais natural do que a utopia.
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  #264  
Old Posted Jun 14, 2012, 4:30 PM
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Brasília revisitada


Ítalo Campofiorito

"Enfim, a minha Brasília é o PP - texto e riscos;
é a arquitetura do Oscar; é "Brasília 57 - 85, do
plano piloto ao Plano Piloto", de Maria Elisa, e
"Brasília Revisitada", com ela; é a Brasília que
a legislação em boa hora proposta por Ítalo
Campofiorito, em parte, preservará".

Lúcio Costa,
Carta ao governador José Aparecido


A freqüente referência à legislação que amparou a inscrição pela Unesco no Patrimônio Cultural da Humanidade pede uma pequena explicação prévia. Trata-se de Decreto 10.829/87 promulgado pelo governador José Aparecido face à exigência da Unesco de que a autoridade local previsse defesas legais para o bem cultural em questão. Dois caminhos apontavam suas respectivas soluções. Um amplo estudo fora elaborado por um grupo de trabalho (MinC, UnB e GDF) e nele se descreviam, numa abordagem morfológica abrangente e exaustiva, as características urbanas a preservar (inclusive as fazendas locais antigas, os acampamentos, cidades satélites e demais resíduos da implantação). Outra solução fora pensada por mim e proposta a Lúcio Costa, que a aceitou: criava-se o instituto jurídico do tombamento de Brasília e tombava-se a cidade de forma inovadora - fixando-se a sua "escala" no essencial, liberando-se as edificações em geral, com exceção dos monumentos excepcionais, para qualquer modificação que não rompesse com a escala em que se inseria. A primeira solução pareceu a Lúcio Costa e ao governador adequada apenas "para uso interno" (Lúcio Costa), ou seja, para medidas de proteção tão vastas e minuciosas que teriam forçosamente existência transitória, não interessando à Unesco, preocupada apenas com a proposição urbana e arquitetônica original. A segunda solução revelou-se impraticável do ponto de vista prático-legal. O poder executivo do DF não poderia instituir o tombamento sem decisão legislativa - do Congresso Nacional, absolutamente ocupado com sua atuação constituinte. Restou um terceiro caminho: regulamentar a Lei Santiago Dantas (3.751/60) que protegia o "Plano Piloto" em seu desenho, sem defini-lo em termos físico-territoriais. Essa oportunidade era mais instigante e desafiadora e, ao mesmo tempo, mais concreta e eficaz do que um tombamento surpreendente demais. Em 7 capítulos e 16 artigos condensou-se o essencial da única cidade modernista existente por inteiro. Com o apoio da Unesco a população de Brasília, se estiver de acordo, poderá preservar a sua cidade.

O título, surgido entre Carlos Eduardo Comas e mim - não sei bem por que, talvez por pura precaução, diante de um tema tão batido - acabou por parecer adequado, capaz de suscitar novas referências. Trata-se do Centenário de Le Corbusier e dos 50 anos da viagem ao Brasil para o projeto do Ministério de Educação e Saúde Pública; são 25 anos (um quarto de século) desde a visita de 1962, que acompanhei dia a dia; era uma primeira visita à Brasília, mas uma revisita aos princípios corbusianos, à doutrina para a cidade contemporânea. Curiosamente, em 1976, eu escrevera para a Arts and Artists, de Londres, matéria chamada "Brazilian Architeture, Up to the Present", onde um dos capítulos já se intitulava: "Os anos 60 - Brasília revisitada". Meus comentários de hoje são uma nova visita a tudo aquilo; volto justamente de lá, onde apresentei uma idéia minha para uma legislação de preservação, um texto simples e eficaz, já transformado no decreto governamental que vai respaldar a inscrição de Brasília na Unesco, como Monumento da Humanidade. Uma coincidência: em anexo ao decreto segue um texto de Lúcio Costa, escrito em fevereiro deste ano [1990], também chamado "Brasília Revisitada". E ainda há, finalmente, um argumento curioso. Há tempos que eu noto a importância do visitante, personagem que se confunde com o viajante, na apresentação de projetos de nossos modernistas - tanto os de Le Corbusier como os de Oscar Niemeyer ou de Lúcio Costa. Os principais projetos de Oscar são sempre mostrados a seus leitores como revelações, descobertas de formas inusitadas a envolver o olhar de um visitante; Dr. Lúcio ao defender seu projeto, dez anos depois, diz que "todo brasileiro, mesmo aqueles que habitam as metrópoles do Rio e São Paulo, ao chegar em Brasília já tem verdadeiramente a sensação de estar em sua capital". Em 1921 a "cidade contemporânea para 3 milhões de habitantes" era mostrada por Le Corbusier em Urbanisme a um viajante que chega de avião "vindo de Constantinopla ou talvez de Pequim" e vê de repente a lúcida cidade dos homens como um espetáculo organizado pela arquitetura, plasticamente, como jogo de formas sob a luz. No mesmo entrecho, outro viajante, desta vez entrando de automóvel pelo jardim inglês, a cem quilômetros por hora, descortina os arranha-céus como prisma de vidro iluminados pelo crepúsculo. São discursos arquitetônicos em que, antes de qualquer uso cotidiano, as formas falam, persuadem, convencem, plástica, e simbolicamente.

A nossa visita será guiada por três citações - ia dizendo senhas - e seguirá, como as normas legais que elaborei, o percurso das quatro escalas com que Brasília foi concebida, de forma deliberadamente isenta de objetividade excessiva ou de exaustiva abrangência. As citações são as seguintes:

1ª - "Brasília corresponde a uma sensibilidade e a uma realidade brasileiras, conquanto de filiação intelectual francesa" - Lúcio Costa - 1968.

2ª - "A ordenação geométrica e a largueza dos espaços permitiram integrar os velhos princípios corbusianos da cidade radiosa e a lembrança amorosa das belas perspectivas de Paris" - Lúcio Costa - 1968.

3ª - "Brasília surgiu num momento em que a utopia era mais verdadeira que a realidade". Do plano piloto ao Plano Piloto - texto de Maria Elisa Costa, coordenação de Lúcio Costa - 1985.

Na legislação dirigida à Unesco, a que já me referi, foi preciso achar as referências mínimas para garantir o essencial da concepção urbanística de Brasília, para preservar o que, em decorrência do plano piloto de 1957, foi construído no Distrito Federal. Como atender à Unesco e salvaguardar a cidade modernista, como tombá-la, sem imobilizar fisicamente, mas, pelo contrário, permitindo - com a exceção do resguardo de alguns prédios excepcionais, que as edificações se modifiquem e vivam sua vida e contingência urbanas através do incessante passar do tempo, do tempo com que se nutre a natureza cumulativa cultural das cidades?

A pista definitiva estava em repetidas declarações de Lúcio Costa, desde 1968: a cidade tinha sido pensada em função de três escalas - uma cívica e coletiva, outra cotidiana e uma terceira, concentrada ou gregária. Em 1974 no Senado da República lembro-me do retoque bem humorado; como os Três Mosqueteiros, as escalas de Brasília eram quatro: a monumental, a residencial, a gregária e a bucólica. Essa quarta maneira de ser capital, fora evidentemente aventada pelo aparecimento dos clubes esportivos e pelo desrespeito crescente à vegetação nativa do cerrado, sem o qual se esvairia o "contraste brusco" entre o artificial e o primevo, destinado a simbolizar a conquista civilizatória do planalto central brasileiro.

Vê-se que, já no ponto de partida - a concepção ou intuição do conjunto - Brasília mostra duas diferenças fundamentais com relação à "Ville Radieuse". Neste contexto, aliás, pretendo referir-me indiferentemente à "Ville Contemporaine pour 3 millions d`habitants" (síntese esquemática apresentada no Salão de Outono, 1922), à hipótese de trabalho do "Plan Voisin" (Esprit nouveau, 1925) e à tese de urbanismo intitulada "Ville Radieuse ou Elementos de uma doutrina do urbanismo para o equipamento da Civilization machiniste". Sigo, assim, as próprias referências de Corbusier (ASCORAL, 1943/46). Excluirei por outro lado os Algers de 1930 e 42, - as Nemours e Hellocourt de 1934, e até mesmo Chandigarh, pensada para uma zona sous dévelopée (conseqüência da penúria), já que nenhuma delas é proposta como alternativa contemporânea para a Grande Cidade - ("La Bête"), a ville tentaculaire. Ficarei resumido aos "princípios corbusianos da cidade radiosa" e "à sensibilidade e realidade brasileiras" assinadas pelas senhas que escolhi. Na tese de Le Corbusier, havia que dispor as três classes de população - os urbanos, os sub-urbanos e os mistos - conforme as quatro funções ou necessidades que seriam consagradas pela Carta de Atenas: a habitação, o trabalho, a cultura (do corpo e do espírito) e a circulação. A composição final é um sistema plástico em funcionamento ordenado para a vida, - criações do espírito, ou seja, da razão: "Une machine à émouvoir". É bom lembrar que o recurso constante à idéia de máquina não implica jamais em funcionalismo, no sentido de pensar a forma como derivada do funcionamento: essa palavra, rara em Corbusier, é aliás, usada claramente em Urbanisme: "Le fonctionalisme le plus rigoreux sállie aux splendeurs de l`architecture par le jeu de la composition et des volumes" e na aliança, portanto ou dicotomia, ou causa e efeito; às sintaxes simultâneas e precisas da forma pura e do funcionamento, junta-se uma semântica protótipa e universal; os negócios, a "Cité d`affaires", estão no coração e na cabeça da cidade, ficando o governo e a cultura arredados para o lado, próximos do jardim inglês, onde a descontração ("l`animalité" [sic]) e o romantismo são excepcionalmente permitidos; o resto é espírito de geometria: "à liberdade, pela ordem". A paisagem urbana de Brasília, denota uma organização formal, volumétrica, de dimensão existencial muito diversa: as verdes áreas residenciais ladeiam com sua altura amena e uniforme, um centro onde, como na "Ville Contemporaine", se cruzam os transportes coletivos e agrupam-se o trabalho liberal, o comércio e as finanças; a esses, no entanto juntando-se em Brasília as diversões públicas, enquanto a administração federal guarda a cabeceira do conjunto.

Mas vamos agora à nossa visita, revendo escala por escala, o que foi considerado pelo seu inventor "uma contribuição válida nativa que o tempo consolidará".

A escala monumental

Concebida para conferir à cidade a marca de efetiva capital do país, fica a escala monumental configurada no eixo monumental, no corpo leste-oeste da cidade, entre a Praça dos Três Poderes, a plataforma rodoviária, a torre de TV e a praça municipal, estendendo-se até a estação ferroviária. Dois quilômetros entre os palácios e a rodoviária, e mais um até a torre. Como em Paris, são dois quilômetros entre o arco Carroussel diante do Louvre e Rond-Point dos Champs Elysées? Como têm um quilômetro os Jardins das Tulherias? Como, para a esquerda do Rond-Point entre o Grand e o Petit Palais, até os Invalides, há um quilômetro de espetáculo inesquecível? Qual o "visitante" que resistiu à caminhada de dois quilômetros desde o Rond Point até à Etoile? Certamente andam por aí as amorosas, cultas lembranças de Paris. E não se pode esquecer que a previsão por Le Nôtre dos futuros Campos Elíseos justificaram, junto à implantação dos Invalides, os mais entusiásticos croquis de Le Corbusier, desenhados, não para aculturar a sua doutrina, mas para invocar exemplos a seu ver definitivos, de antecessores que, como ele, teriam feito tabula rasa (nappe blanche) da cidade existente, para impor modificações totais. Só que não se passeia a pé em Brasília. Pelo menos, não se passeia ainda. Tal como foi protegida para inscrição na Unesco, pode entretanto completar-se com o tempo e à sua própria maneira. Só os palácios de Niemeyer permanecerão no horizonte da Praça, como paisagem de mármore sob o movimento majestoso do céu. É fato que a Praça é "aberta, à maneira da Concórdia", "a única praça contemporânea, digna das praças tradicionais" (Lúcio Costa, 1968). Mas também é verdade que a Concórdia (pelo menos, desde que tiraram de lá a guilhotina) opõe-se justamente à tradição das praças antigas, S. Marcos de Veneza, por exemplo - porque é aberta, como a dos Três Poderes; são espaços de fruir beleza, mas que não são mais o lugar do espetáculo popular: para o povo são, ao contrário, o espetáculo do lugar. Entre os ministérios, no entanto, poderão surgir construções contínuas, com atendimento a funcionários e transeuntes que façam a esplanada mais cheia de vida urbana. Os centros culturais, hoje desertos - a UnB exerceu primeiro essas funções - poderão ser um percurso atraente e movimentado. Virão árvores mais frondosas, e os bosques de araucária, a cercá-los, serão como que a muralha verde do que, um dia, quem sabe? será chamado o centro histórico de Brasília.

A escala residencial

Concebida, como diz o decreto, para proporcionar uma nova maneira de viver, própria de Brasília, a escala residencial constitui de fato a parte mais bem sucedida na invenção da cidade. Estão agora salvaguardadas pela lei as super-quadras e as suas faixas verdes com acesso único e os 25% da ocupação máxima do solo por pilotis livres, ficando o restante, verde e de domínio público. A limitação de altura, estabelecida em seis andares poderá ser variadamente interpretada. Seis, como em Paris? Seis, porque ainda é uma boa altura para que os pais chamem os filhos a caminho da escola-classe? Seis, porque também eram seis (duplos, valendo doze) os pavimentos duplex dos rédents da "Ville Radieuse"? Mas continuarão sempre seis, o que é ótimo. Os blocos de apartamentos respondem à tese da Unidade de Habitação Conjunta, levada por Lúcio Costa à Unesco em 1952, em que um dos expectadores era Le Corbusier em pessoa: "dar morada ao homem é o desafio da tecnologia contemporânea", "o papel do arquiteto na sociedade e a unidade de habitação são temas complementares". A habitação conjunta é a herdeira da utopia socialista de Charles Fourrier (Teoria da unidade universal, 1822) e Victor Considerant (Description du phalanstère, 1848) e seus falanstérios, com ruas interiores, facilidades comuns, parques à toda volta - o conjunto inteiro sob a égide de uma Torre da Ordem - mesmos antepassados a que Corbusier chamava de grandes urbanistas, a trabalhar com idéias em vez de lápis. Desde então, a idealização urbana progressista partiu desse primeiro mandamento, a habitação coletiva do povo, "Le Palais de l`Habitation". As superquadras de Brasília, com seus andares, formam áreas de vizinhança a cada grupo de quatro, 10 mil habitantes com equipamentos comunitários e até cinemas e clubes, além de escola, igreja, correio, polícia, jornaleiro etc. A densidade média da vizinhança fica entre 300 e 320 habitantes por hectare como proporia o bom senso britânico de Thomas Sharp, por exemplo (Town, Planning, 1947). A mesma densidade de 300 habitantes por hectare nos prédios denteados de doze andares de Corbusier promoveria ocupação muito mais esparsa, espaços menos aconchegantes, menos vizinhança, menos cidade. Como que a compreender a lição inglesa, as superquadras são concebidas à maneira das neighbourhood units, em volta das escolas e jardins de infância. Ao lado de Anísio Teixeira, ouve-se a voz anglo-saxônica de Sharp: "o serviço básico de nossa civilização é a educação das crianças". É na escala residencial, nas superquadras, que se percebe primeiro o quanto Brasília é bem temperada e sua cultura humanística ficou encarnada, como sabem todos os jovens de lá, em nossa sensibilidade e realidade brasileiras.

A escala gregária

É provavelmente a que mais sofreu com o cartesianismo da concepção geral. Compõe-se, nos quatro cantos do cruzamento central dos dois grandes eixos, de setores comerciais, bancários, de autarquias oficiais, de serviços de rádio e televisão e dos dois setores de diversões, onde pracinhas e travessas poderiam de fato congregar as pessoas, em busca de cinemas, teatros, bares e o que mais se inventasse. Para preservar esse potencial as novas normas de preservação obrigarão ao mínimo: os dois compactos agrupamentos de diversões guardam seus cinco pavimentos fixos, enquanto nos outros cantos as edificações poderão alcançar até 65m de altura, ficando mantido o papel simbólico do centro urbano. Ainda que irremediavelmente apartados pelo corte dos eixos, os prédios mais altos da cidade já de longe se adivinha serem o centro, destinados ao trabalho e às diversões coletivas, e as duas massas compactas dos setores de diversões com campo livre para propaganda luminosa, lembram mais de perto, que ali estão (ou deveriam estar) as atrações noturnas, o encontro cara a cara. Por enquanto, quem vai lá e já tomou a plataforma rodoviária (diria Lúcio Costa: "como se fosse à Bastilha") é o povão das cidades satélites, os soldados e as empregadas domésticas. O que talvez seja, afinal de contas, muito bom. Porque a escala gregária não conseguiu ser planejada - eu suspeito que a vida é assim mesmo - e terá que ser criada culturalmente através do tempo, pela invenção social.

A escala bucólica

De bucólico, na "Ville Contemporaine" havia o bosque inglês, um Bois de Boulogne devidamente retangulado, para cercar os caminhos curvos e nonchalants onde o relaxamento físico (e moral...) ocuparia as horas excedentes do trabalho. Mas é verdade que toda a Cidade Radiosa seria por assim dizer verde - esporte e lazer ao pé da casa, princípio que também perpassa a nossa visita.

Em Brasília, com o novo decreto de preservação, ficam assegurados o direito popular de acesso ao lago, a freqüência dos clubes esportivos pelas classes de renda média e alta e a cobertura vegetal nativa em torno da Praça dos Três Poderes, da Esplanada dos Ministérios e das duas alas residenciais. E, por toda parte aonde se interromperam os terrenos já comprometidos com a edificação, à toda a volta da cidade, ficará a terra considerada non aedificandi para guardar o cerrado nativo, o bosque plantado, e as áreas de recreação e lazer. Entre o Lago do Paranoá e o park way de indústria e abastecimento, nesse grande triângulo irregular ficará então a figura da cidade moderna, incrustada no fundo verde que marca a passagem, sem transição do ocupado para o não ocupado. A área metropolitana, que talvez um dia se esgarce a partir das expansões já previstas e das cidades satélites, será planejada - se este ainda for um hábito do futuro - de forma a respeitar um projeto moderno do século XX que pensou poder delimitar-se racionalmente no espaço e na história.

O sistema viário

Em Brasília "a estrutura viária da cidade funciona como arcabouço integrador das várias escalas". Responde de forma lógica e comedida (para o transporte automóvel) ao apelo firme de Gideon (Space, time and architecture, 1941): "Um dia o park way entrará na cidade para percorrê-la com a liberdade com que hoje atravessa os campos.

Correspondente, sobretudo, a uma das primeiras preocupações dos urbanistas progressistas desde o primeiro plano qüinqüenal soviético: planejar para a era dos transportes. O conjunto das vias se organiza hierarquicamente: desde os eixos, com tráfego ininterrupto e das pistas locais, até os trevos, à entrada de vizinhança, e o acesso das superquadras, numa seqüência em que decresce a velocidade na proporção em que se chega ao interior das superquadras ou às praças da plataforma rodoviária, onde se pode realmente, como no Plano Piloto, falar em domesticidade dos carros e remansos de tráfego. Com a preservação legal, fixaram-se apenas os acessos únicos a cada superquadra. Como em tantas outras partes da cidade, o resto do sistema evoluirá com a tecnologia dos transportes e com os usos e costumes que sobrevierem.

Chegamos à terceira citação: a idéia de que Brasília surgiu em um momento em que a utopia parecia mais verdadeira do que a realidade não é apenas um lírico sofisma. Nem é à toa que soe poético, já que foi inspirado em comentário de Manuel Bandeira, "o projeto (de Lúcio), lembrando um avião em reta para a impossível utopia, logo dá à iniciativa um ar plausível" (Jornal do Brasil, 1957). Por quê, afinal de contas, utópico e real, utópico e plausível, ao mesmo tempo? Porque, talvez as idéias de desenvolvimento econômico e de modernização ainda eram só expectativas, a empolgar o país; porque a utopia, diria eu, é como que a vontade de ficar mudando o mundo até o ideal, sendo, tanto a utopia quanto "o progresso", obsessões históricas da burguesia.

É, com efeito, Camões, contemporâneo de Tomas Morus, o cantor dos heróis e das peripécias da aventura mercantil, quem descobre que a mudança é inevitável: "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Muda-se o ser, muda-se a confiança: Todo o mundo é feito de mudança, tomando sempre novas qualidades" (soneto 45). Mudança maior do que esse "mudar a cada dia" parecia impossível. Mas, ao preconizar a queda da burguesia, na crítica mais contundente e amorosa que já se fez da própria classe, Karl Marx, num trecho do Manifesto Comunista, afiançava em 1848 que, "todas as relações tornam-se velhas antes que cheguem a ossificar; tudo que é sólido derrete no ar". Com provável desconhecimento desses antecedentes, mas com cadência ainda mais densa e precipitada, é o nosso Le Corbusier, como um novo Fausto, quem exclama em Urbanisme "le mouvement est notre loi; jamais rien ne s`arrête, car ce qui s`arrete dégringole et pourri". Pergunto-me como ele veria os efeitos dessa ânsia de modificação permanente, em suas próprias construções.

Qual seria o diálogo entre a ininterrupta construção modernista e a cultura, que segundo Hegel, é "um estado incessante de tornar-se" (becoming, no texto que eu li - aufgehoben no original, "como o erguer-se de um novo sol..."), como aplicar esse conceito de um constante cancelamento de si, combinado à preservação do essencial ... como aplicar o conceito àquelas perspectivas em que o espaço da "Ville Contemporaine" parece cristalizado numa geometria de onde o tempo foi escamoteado?

Não sei a resposta, mas antes de finalizar esta digressão, não resisto a retomar meus temas: - ponho-me a supor que o viajante-espectador pode ser, quem sabe? o álibi, o habeas-corpus inconsciente para que a cidade moderna perdure - já que pareceria sempre nova, a cada novo visitante. E, mais do que supor, desejo que nossa recente legislação possa manter em Brasília a memória de uma idéia, enquanto a história realimenta a realidade. A verdade é que não foi a civilização machiniste que construiu as suas próprias utopias; na Rússia sub-desenvolvida surgiu São Petersburgo e foi lá que se desencadeou a Revolução Soviética de Outubro; e foi aqui, no terceiro mundo do sul, que se construiu a primeira cidade modernista. A poesia de Os lusíadas não promovera o futuro de Portugal, nem os sonhos de Marx e Le Corbusier se realizaram no mundo avançado. Tudo se passou, afinal como se, onde a ciência, a tecnologia e o desenvolvimento econômico são puro sonho, nada parecesse mais possível, nada fosse mais natural do que a utopia.
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  #265  
Old Posted Jun 17, 2012, 4:32 AM
oengenheiro oengenheiro is offline
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E aí galera, finalmente achei vocês também,
tinha visto um tempo atrás mas esse fórum estava
com pouco movimento, agora parece bom.

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Originally Posted by Subtraff View Post
E aí, galera?

Achei vocês!!!

O outro fórum estava caído demais! Pouquíssimas atualizações!

O que que aconteceu pro pessoal migrar pro Skyscraper Page?

Last edited by MAMUTE; Jun 17, 2012 at 12:47 PM.
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  #266  
Old Posted Jun 17, 2012, 12:47 PM
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Seja bem vindo Eu convidei um bocado de pessoas do outro fórum, achei que tinha te convidado mas não importa. agora que já está aqui sinta-se em casa
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  #267  
Old Posted Jun 17, 2012, 8:16 PM
emblazius emblazius is offline
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E aí galera, finalmente achei vocês também,
tinha visto um tempo atrás mas esse fórum estava
com pouco movimento, agora parece bom.
Sejam Bem vindos
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Podemos escolher o que semear, mas somos obrigados a colher aquilo que plantamos
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  #268  
Old Posted Jun 17, 2012, 11:02 PM
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Obrigado caros colegas.
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Originally Posted by MAMUTE View Post
Seja bem vindo Eu convidei um bocado de pessoas do outro fórum, achei que tinha te convidado mas não importa. agora que já está aqui sinta-se em casa
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Originally Posted by emblazius View Post
Sejam Bem vindos
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  #269  
Old Posted Jun 18, 2012, 2:34 AM
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E aí galera, finalmente achei vocês também,
tinha visto um tempo atrás mas esse fórum estava
com pouco movimento, agora parece bom.
Seja bem vindo....

O que ocorreu para as pessoas migrarem para cá, tem apenas um conceito.

Em um PAÍS Livre e Democrático, não existe uma coexistência pacifica com moderadores DITATORIAIS. Então, começou comigo, migrar para cá, e a tendência, pelo visto, vai ser praticamente todos migrarem para cá também.

Elegermos DEMOCRATICAMENTE MAMUTE como MODERADOR daqui. Somente não sei se MAMUTE concorda comigo, que aqui, não vamos TOLERAR ex MORADORES do outro forum nesse.

Do mais, todo os outros forumers serão BEM VINDOS, é claro seja bem vindo você e se sinta em casa, e no possível, ajude-nos a melhorar ainda mais esse forum.
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  #270  
Old Posted Jun 18, 2012, 2:40 AM
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Originally Posted by hugokeys View Post
Concordo caro colega Jota Ferro. O assunto morre aqui, cada um acredita no que quiser.... e vamos seguindo nossas vidas com novas discussões.
Somente para reflexão de você e do Jota Ferro...

Se a UNESCO não pode tombar ou multar ou coisas desse tipo, mais vamos lá.

Porque será que a UNESCO tombou a cidade Inca de Machu Picchu no Peru? Ela concedeu o título de patrimônio histórica da humanidade. E agora vem a melhor, quem quiser ver Machu Picchu, digo, ao vivo, toca-la e tal, prepare as MALAS, pois esse ano, será o último aonde os turistas e peruanos a pisarem no sitio arqueológico.

Pois a UNESCO, OBRIGOU o governo peruano a não deixar NINGUEM pisar no lugar. Então, num monte próximo, estão construindo um MIRANTE, para as pessoas poderem apreciar a cidade de longe.

Então se a UNESCO não tem poder nenhum, eu quero ver explicar o que não podem explicar.
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  #271  
Old Posted Jun 18, 2012, 7:48 PM
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Originally Posted by pesquisadorbrazil View Post
Somente para reflexão de você e do Jota Ferro...

Se a UNESCO não pode tombar ou multar ou coisas desse tipo, mais vamos lá.

Porque será que a UNESCO tombou a cidade Inca de Machu Picchu no Peru? Ela concedeu o título de patrimônio histórica da humanidade. E agora vem a melhor, quem quiser ver Machu Picchu, digo, ao vivo, toca-la e tal, prepare as MALAS, pois esse ano, será o último aonde os turistas e peruanos a pisarem no sitio arqueológico.

Pois a UNESCO, OBRIGOU o governo peruano a não deixar NINGUEM pisar no lugar. Então, num monte próximo, estão construindo um MIRANTE, para as pessoas poderem apreciar a cidade de longe.

Então se a UNESCO não tem poder nenhum, eu quero ver explicar o que não podem explicar.
Ai, ai, Pesquisa vc tem problemas....

Unesco PEDE medidas para salvar Machu Picchu

Uma missão da Unesco, agência das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura, se mostrou preocupada após avaliação sobre a conservação do sítio arqueológico de Machu Picchu, no Peru, e recomendou medidas de emergência contra a expansão desordenada do povoado de Águas Calientes, que ameaça a cidadela inca, e a construção de uma via alternativa até o santuário.

"As autoridades para proteger o sítio arqueológico de Machu Picchu, situado na região de Cuzco (sudeste), precisam tomar medidas de emergência rigorosas com relação ao crescimento desordenado do povoado de Águas Calientes", alertou Nuria Sanz, chefe para a América Latina e o Caribe da Unesco.

O povoado de Águas Calientes, situado na parte baixa do complexo arqueológico, se tornou uma ameaça para o sítio por seu crescimento desordenado em número de habitantes, hotéis, restaurantes e comércio informal.

"É preciso gerar uma dinâmica que permita um controle e regulamento exigente de respeito com o sítio, às autoridades pelo esforço que fazem, de respeito com o turista e serviços", disse Sanz à imprensa.

O objetivo da visita da missão, celebrada entre segunda e quarta-feira, foi o de "colaborar" com as autoridades e encontrar a melhor solução para a conservação de Machu Picchu, destacou a Unesco.

Sobre a zona de amortecimento, ameaçada com a construção de uma estrada alternativa de acesso ao santuário, Sanz afirmou que se recomenda à Unidade de Gestão do Santuário Histórico de Machu Picchu (UGM) o aporte de especialistas em geodinâmica, infraestrutura hidráulica e de comunicação para fazer uma avaliação técnica.

As autoridades regionais devem estabelecer políticas que impulsionem um crescimento ordenado da economia nesta zona de amortecimento e não esperar que se torne uma "Águas Calientes II", destacou a missão.

Também se recomendou ao governo peruano a criação de um painel internacional de assessores e técnicos que execute os planos de conservação de Machu Picchu.

O Ministério da Cultura informou que a Unesco descartou, em seu relatório, que exista algum alerta ou sinal de alerta que ponha em risco a infraestrutura do complexo arqueológico.

No entanto, o ministério destacou, em nota, que a missão apresentou o relatório preliminar às autoridades da UGM e também recomendou "tomar medidas de emergência rigorosas" diante do crescimento desordenado do povoado de Águas Calientes.

Os especialistas da Unesco divulgarão um primeiro relatório de avaliação da conservação de Machu Picchu dentro de duas semanas e terão pronto o relatório final dentro de sete meses, pois reuniram muitos documentos que ainda precisam analisar, segundo a agência oficial Andina.

Não é a primeira vez que a Unesco alerta para o crescimento desordenado do povoado e para a construção da via alternativa. No entanto, até o momento as autoridades locais não atenderam as recomendações.

A famosa cidadela, construída no século XV pelo imperador inca Pachacutec, foi declarada patrimônio cultural da humanidade em 1983.

Nos últimos anos foi apresentada uma série de observações relativas à acessibilidade do sítio, o manejo dos resíduos deixados pelos turistas e sua gestão por parte das autoridades locais.

A cidade de pedra de Machu Picchu (que significa Montanha Velha), erguida no topo de uma montanha de 2.400 metros de altitude, foi um centro cerimonial ou sítio de descanso para nobres incas. Especialistas descartam que tenha sido uma fortaleza militar.

Machu Picchu, cuja superfície foi edificada em pedra, tem 530 metros de extensão por 200 de largura, uma área de terraços agrícolas e outra de cômodos, além de 172 edifícios, no total, dentro de um santuário de 32.500 hectares.

http://noticias.r7.com/tecnologia-e-...-20120526.html


A UNESCO, pede, recomenda, solicita, avisa..... Mas não manda. Mais uma vez sugiro apenas esperar que a UNESCO multe os que não seguem o "seu" tombamento.....

Só uma pergunta Pesquisa o que a poderosa UNESCO fará se o Peru e o Brasil não cumprirem seu "tombamento"? Seremos invadidos pelos capacetes azuis?

Last edited by Jota; Jun 18, 2012 at 9:45 PM.
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  #272  
Old Posted Jun 19, 2012, 2:43 AM
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Obrigado!
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Seja bem vindo....

O que ocorreu para as pessoas migrarem para cá, tem apenas um conceito.

Em um PAÍS Livre e Democrático, não existe uma coexistência pacifica com moderadores DITATORIAIS. Então, começou comigo, migrar para cá, e a tendência, pelo visto, vai ser praticamente todos migrarem para cá também.

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  #273  
Old Posted Jun 19, 2012, 11:02 PM
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Hotéis de cinco cidades-sede podem ter pouca demanda após Copa



Cuiabá, Belo Horizonte, Brasília, Manaus e Salvador poderão ter baixas taxas de ocupação




Cinco das 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 correm o risco de ter, após a competição, mais quartos de hotéis do que turistas dispostos a ocupá-los. É o que aponta o levantamento do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), divulgado hoje (18), em São Paulo. O Placar da Hotelaria, feito pela empresa de consultoria Hotel Invest, projeta para Cuiabá, Belo Horizonte, Brasília, Manaus e Salvador baixas taxas de ocupação a partir de 2015. Rio de Janeiro e São Paulo, por outro lado, apresentam boas perspectivas de demanda para os novos empreendimentos.

No total, o levantamento mostra um crescimento de 5,4% da oferta de leitos, em comparação com o levantamento anterior, de outubro de 2011. Até 2015, estão previstos 21.143 novos apartamentos na rede de hotelaria.

“É importante garantir acomodação para os visitantes que participarão da Copa do Mundo, mas não à custa de investidores incautos. O prognóstico ainda se mostra convidativo. Espera-se crescimento considerável da demanda em diversos mercados, motivado também pela elevação e melhor distribuição da renda nacional”, assinala o documento.

De acordo com o estudo, Belo Horizonte é uma das cidades com maior risco de superoferta, tendo em vista que a quantidade de quartos em 2015 quase dobrará em relação ao número atual, passando de 6,2 mil para 12 mil. Com isso, a taxa de ocupação que, no ano passado, estava em 70% nos hotéis econômicos, poderá cair para 49%. Nos quartos de padrão médio também pode haver redução, de 67% para 43%.

Outra situação apontada como crítica pelo documento é a de Cuiabá, que teria a taxa de ocupação reduzida de 65% para 49% em 2015. Segundo estimativa do FOHB, o número de quartos disponíveis na capital matogrossense aumentará de 1,7 mil para 2,7 mil.

Em Manaus, a taxa de ocupação pode cair de 68% para 59% nos hotéis econômicos e de 63% para 56% nos de nível padrão (médio). O estudo prevê, ainda, que Brasília terá 2,2 mil novos apartamentos até 2015, fazendo com a taxa de ocupação caia de 64% para 57%. Em Salvador, a redução será menor nos hotéis econômicos, de 66% para 64%. Nos hotéis de nível padrão, no entanto, a taxa de ocupação deve cair de 66% para 59%.

Rio de Janeiro e São Paulo, que já apresentam elevadas taxas de ocupação, permanecem como boas opções de investimento para a indústria hoteleira, aponta o estudo. Nos hotéis econômicos da capital fluminense, por exemplo, que atualmente têm taxa de ocupação de 84%, a expectativa é de elevação para 88%. Também é esperado crescimento nas taxas dos hotéis de luxo (alto padrão), de 70% para 75%. Nas acomodações de padrão médio, por outro lado, a previsão é queda de 77% para 68%.

São Paulo, que tem um oferta hoteleira atual de 37,7 mil quartos, passará para 38,7 mil em 2015. A demanda deve sustentar esse crescimento em todas as categorias, segundo estimativa publicada no Placar da Hotelaria. No geral, estima-se uma taxa de ocupação de 79% em 2015, elevação de 11 pontos percentuais em comparação com o índice atual (68%).

Porto Alegre, mesmo com o aumento da oferta decorrente dos investimentos para a Copa do Mundo, não deve sentir mudanças na taxa de ocupação que, segundo o estudo, deve se manter em 70% até 2015.

Fonte: por Camila Maciel - Agência Brasil














http://www.maisbrasilia.com/mb2011/n...%B3s_Copa.html
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  #274  
Old Posted Jun 21, 2012, 11:46 PM
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Essa empresa Hotelinvest é formada puramente por especuladores imobiliários. Se forem pegar os dados que eles tem do mercado de Brasília, sinceramente, mandaram um estagiário fazer uma tabela no excel. Se notarem que eles SEQUER possuem dados de investimentos de hotéis econômicos e de luxo da cidade. Pior que tem gente dando CREDIBILIDADE aos dados.

Igualzinho aos pesquisadores que AFIRMAM que o planeta está superaquecendo devido o excesso de CO na atmosfera. Enquanto a VERDADE ninguem quer ler ou ouvi-la. Vazou na internet os dados, aonde constatam que o CO não regula em nada a temperatura do planeta, mas sim outros fatores.

Agora voltando ao assunto de hotelaria, uma fonte me confirmou que o hotel da TORRE fora vendido para uma construtora de São Paulo, e vem aí um baita hotel upscale internacional, nada de residenciais com serviços. Então em breve, teremos novas implosões.
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  #275  
Old Posted Jun 24, 2012, 12:24 PM
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Número de visitantes estrangeiros em Brasília cresce 67,1%




Com a proximidade da Copa do Mundo e de outros eventos esportivos, o desafio do governo local e da iniciativa privada é preparar a cidade para receber os gringos




O português Mário e a mulher, Angela, se encantaram com o passeio na Esplanada dos Ministérios: "Tudo é muito bem estruturado"


Aos poucos, os sotaques de outros países se expandem além dos muros das embaixadas em Brasília. Desde o início da primeira rota internacional sem escala para a cidade, em 2007, os gringos são vistos com mais facilidade em saguões de hotéis, em shoppings e em pontos turísticos. A ponte aérea com Lisboa, inaugurada há cinco anos, alçou o turismo local a um novo patamar. Por semana, 43 voos vindos do exterior, de sete companhias diferentes, desembarcam no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek. Além de brasileiros retornando de férias, trazem estrangeiros em viagens a lazer e, principalmente, a negócios.

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Somente a partir de 2008, o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) começou a contabilizar o número de visitantes de outros países em Brasília — antes, o índice era considerado irrisório e não entrava nas estatísticas. Nesse intervalo de tempo, o total de gringos entre os turistas saiu de 29.485 para 63.384, um salto de 114%. Entre 2010 e 2011, quando as empresas aéreas apostaram de vez em voos diários, o aumento foi de 67,1%. A um ano da Copa das Confederações e a dois da Copa do Mundo, governo e iniciativa privada são desafiados a preparar a cidade para a crescente invasão estrangeira.














http://www.correiobraziliense.com.br...sce-67-1.shtml
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  #276  
Old Posted Jul 16, 2012, 9:53 PM
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Accor quer ter 250 hotéis no Brasil até 2015




Com compra da rede Posadas na América do Sul, grupo acelera expansão no mercado brasileiro e pretende inaugurar cerca de 80 novos hotéis no país nos próximos três anos



Accor: rede de hotéis quer ter cerca de 80 novos hotéis no Brasil até 2015

O grupo Accor anunciou, nesta segunda-feira, a compra das operações da rede Posadas na América do Sul por 275 milhões de dólares. A aquisição reforça a estratégia da companhia de crescer na América Latina e, principalmente, expandir o número de hotéis no mercado brasileiro.

Hoje, cerca de 80% dos hotéis do grupo na América do Sul estão localizados no Brasil. “Coincidentemente, a rede Posadas, na região, também tem boa parte dos seus ativos concentrados no mercado brasileiro”, afirmou Roland de Bonadona, diretor de operações da Accor na América Latina, em coletiva com a imprensa, nesta segunda-feira.

Até 2015, somente no Brasil, a rede pretende ter entre 240 e 250 hotéis operando e cerca de 300 em toda América Latina. “Com a aquisição da rede Posadas, chegamos ao número de 201 hotéis em operação na região, desses, 165 estão instalados no mercado brasileiro e outros 80 devem ser inaugurados nos próximos três anos no Brasil”, disse Bonadona.

Expansão

A compra das operações da rede Posadas inclui 15 hotéis em operação e outros 14 em fase de implementação. Do montante, 19 estão instalados no mercado brasileiro. De acordo com Bonadona, a expansão das bandeiras Accor no Brasil daqui para frente será bem pulverizada, ou seja, não existe uma cidade ou região que será privilegiada.

“Vamos levar nossas bandeiras para cidades menores, onde ainda não estamos presentes. Nossas operações já são fortes nas principais capitais brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, por isso, temos como chegar a outras regiões”, disse o executivo.

Operação

O grupo Posadas é dona das bandeiras Ceaser Park e Ceaser Business na América Latina. Segundo Jorge Carvalho, diretor-geral da Posadas, a opção de se desfazer dos ativos na América do Sul tem relação com a intenção de o grupo reforçar suas operações no mercado mexicano, onde a rede já é líder desse mercado.

“Sabemos que o grupo Accor vai dar continuidade a trajetória de sucesso dos nossos hotéis na América do Sul e isso nos deixou mais confortáveis de fechar o negócios com eles”, afirmou Carvalho.

A Accor ainda não sabe se as bandeiras do grupo Posadas serão mantidas ou não. “Por ser uma rede que possui muitos investidores como sócios. Trata-se de um assunto que precisa ser discutido, antes de qualquer decisão”, disse Bonadona.

Segundo ele, no entanto, não há nenhuma preocupação do grupo de as bandeiras da Accor e as marcas da Posadas se canibalizarem, pois no Brasil ainda há muito espaço para a expansão do setor hoteleiro. Além do Brasil, os hotéis comprados da Posadas estão localizados no Chile e Argentina.






http://exame.abril.com.br/negocios/e...rasil-ate-2015
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  #277  
Old Posted Jul 16, 2012, 9:54 PM
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E aí, alguém sabe se algum desses novos Hotéis da Accor vai se instalar em Brasília???
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  #278  
Old Posted Jul 17, 2012, 1:25 PM
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Originally Posted by MAMUTE View Post
E aí, alguém sabe se algum desses novos Hotéis da Accor vai se instalar em Brasília???
Não tem nenhum projeto, pois somente existem boatos, nada de oficial. Sabe como é, ficam escolhendo demais, e terminam perdendo os projetos para concorrentes.

Brisas do Lago = concorrência Hotusa vs Accor, venceu a Hotusa com a bandeira Eurostar que colocou para descanteio o Sofitel.

Led = concorrência Intercity vs Accor, venceu a Intercity, que irá implantar o Intercity Premium, enquanto isso, a Accor pretendia instalar um Novotel no lugar.

E por aí vai.
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  #279  
Old Posted Jul 18, 2012, 4:55 PM
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Bolivar, mi heroe
 
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  #280  
Old Posted Jul 25, 2012, 2:03 PM
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Windsor centraliza departamentos para melhor atender ao cliente

A rede Windsor decidiu fazer uma restruturação nos departamentos Comercial, de Vendas, e de Marketing. À frente das mudanças está Rosângela Gonçalves, diretora Comercial, que afirma ter como objetivo unir o trabalho das equipes para obter melhores resultados. Ela conta que os colaboradores agora trabalham, no mesmo andar, na unidade Atlântica da rede, em Copacabana.

“A reestruturação é um projeto iniciado há algum tempo, quando mudamos nossa de central de reservas. Criamos standards para a área Comercial, com nomeclatura das categorias de apartamentos, das tarifas, dos contratos centralizados, já nos preparando para o gerenciamento centralizado de nosso inventário”, diz.

Rosângela conta que, até o início do próximo ano, todas as equipes dos outros hotéis deverão ter migrado para o mesmo espaço. Desta forma, ela coordenará cerca de 50 profissionais que terão a missão de atender e ajudar os clientes nos momentos em que há mais dúvidas: cotação, negociação e contratação de serviços.

A executiva comenta que as mudanças visam também criar estrutura interna de mão de obra que possivelmente atuará na primeira unidade da rede fora do Rio, onde a Windsor já possui dez hotéis: em Brasília. A previsão é que o novo hotel seja aberto em 2013.

Serviço
www.windsorhoteis.com.br

Fonte: http://hoteliernews.com.br/2012/07/w...nderaocliente/
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