Para o gosto Americano
Grupo Drumattos, que comanda Camarão & Cia e Camarada Camarão, investe U$ 1 milhão em restaurante na Florida
Por Beto lago, com foto de Bosco Lacerda
O empresário Sylvio Drummond traz duas boas novidades neste semestre para o mercado pernambucano. Ele apresenta o Grupo Drumattos, que ficará responsável pelas redes de franquias Camarão & Cia e os restaurantes Camarada Camarão, e o projeto de expansão para os Estados Unidos.
De acordo com Sylvio, o Grupo Drumattos nasceu para convergir todos os negócios da empresa, unindo a gerência da frente voltada para a alimentação e a do varejo de restaurantes, atividades diferentes e que precisam ser acompanhadas de perto. “A ideia da empresa é alavancar ainda mais o crescimento dos principais negócios do grupo e expandir sua área de atuação, tendo uma gestão mais centralizada”, explica.
Apesar do cenário econômico desfavorável no País, o Grupo Drumattos apresenta crescimento expressivo. Em 2015, a previsão de faturamento é na ordem de R$ 110 milhões e para 2016 a estimativa é crescer para R$ 140 milhões.
O Grupo Drumattos adota três tipos de modelos para a abertura de novas lojas: franquias, parcerias e próprias. Atualmente são 60 as lojas do Camarão & Cia, em 12 estados brasileiros. Destas, 18 são próprias, cinco são parcerias e as demais, franquias. Até o final do ano, outras três franquias serão abertas.
No Camarada Camarão, o modelo de franquia não é utilizado. Atualmente são três restaurantes (o primeiro em Boa Viagem, o segundo no Shopping Recife e o terceiro no Rio de Janeiro). “Estamos abrindo o próximo no Barra Shopping, no Rio de Janeiro. Estava na fila de espera desde 2013. E o quinto restaurante abriremos em
Brasília, na beira do Lago Paranoá, no primeiro semestre do próximo ano”, explica Sylvio.
O interessante na história de Sylvio Drummond com os dois estabelecimentos tem ligação com um momento econômico bem parecido com o que vivemos atualmente. Depois de concluir o curso de Economia e Engenharia de Pesca, foi trabalhar com o pai em uma fazenda de camarão instalada no Piauí.
Ele era o Diretor Comercial para a área interna da fazenda, que exportava 30% da produção e vendia para dentro do Brasil os outros 70%. “Mas, em 1999, quando o dólar chegou a R$ 4, a situação mudou. O mercado internacional estava mais atraente e passamos a exportar 100% da produção”.
Deslocado pela queda local, Sylvio resolveu buscar uma saída. “Foi quando abrimos o primeiro fast food, no Shopping Recife. Era uma operação pequena, mas o modelo inovador acabou atraindo a atenção. Os camarões e todos os produtos já chegavam da fazenda do meu pai em porções. Isso facilitava no manuseio, na operação dentro do restaurante e acabou atraindo a atenção do consumidor”.
Rafael e Sylvio apostam no novo empreendimento do Grupo, desta vez em terras norte-americanas
Em seguida, a ideia era expandir para outras praças de alimentação do Grande Recife. Em 2001, Sylvio foi buscar cidades fora do Estado e fi cou impressionado pelos diversos “nãos” que levou das administradoras de shoppings. “Alguns por conta da concorrência, outras por não acreditarem que o produto seria viável”.
Mas uma pesquisa da Associação Brasileira de Criadores de Camarão apontava que o mercado do Rio de Janeiro tinha uma enorme carência deste tipo de operação. Nascido no Rio de Janeiro, mas criado desde pequeno no Recife, Sylvio viu ali a oportunidade de crescer.
A primeira loja de fast food surgiu no Barra Shopping e em pouco tempo já estava em outros quatro shoppings do Rio de Janeiro. “Claro que fi cou mais fácil investir nas demais cidades. São Paulo, Salvador e Fortaleza já queriam ter um Camarão & Cia na sua praça de alimentação”, comenta Sylvio, lembrando que a rede recebeu em 2015, pelo 11º ano consecutivo, o selo de excelência da Associação Brasileira de Franchising (ABF), sendo considerado uma das dez melhores franquias de alimentação para se investir no Brasil.
A ideia do Camarada veio com o desejo de trazer outro modelo de negócio. O Camarada é um restaurante mais rústico, elegante. A primeira operação surgiu em 2005, em Boa Viagem. Em setembro de 2011, ganhou a primeira versão carioca, no Shopping Rio Design, na Barra da Tijuca. A terceira loja veio em janeiro de 2014, no Shopping Recife. “Por conta da logística, não pensamos ainda no mercado do Sul do País, que fi ca para um próximo momento”, explica Sylvio.
EUA
O novo salto do Grupo Drumattos é investir no mercado norte-americano. O primeiro restaurante, que terá um terceiro nome, será de frutos do mar e deve estar funcionando até o fi nal do primeiro semestre de 2016. Um desejo de Sylvio Drummond que já durava três anos.
“Tinha essa ideia na minha mente, mas precisava ter um trabalho de consultoria forte para não entrar no mercado sem um lastro. Além disso, a crise fi nanceira, que já dura um bom tempo, atrasou um pouco os nossos planos”.
Para conquistar o paladar daqueles consumidores, o grupo tem como parceiro nos EUA a Synergy Restaurant Consultants, com sede na Califórnia. A empresa tem no currículo o apoio a mais de 250 redes nacionais e mais de mil restaurantes no mundo inteiro.
Ao lado da Synergy, o grupo vem estudando todos os aspectos para a abertura da primeira loja. Passa pela cidade que será escolhida (provavelmente na Flórida), o lado fi nanceiro – já que a loja, de 122 metros quadrados, terá um investimento de US$ 1 milhão –, e também pelo cardápio ideal para o consumidor americano.
“Não podemos entrar com o pensamento de que vamos vender para brasileiro. Ou que vamos vender apenas para americanos. Estudamos o gosto do consumidor e o que é que pode ser interessante para o público local. Por exemplo, eles não gostam da nossa empada, dos molhos, da moqueca, do bobó. Precisamos fazer um mix, com o cardápio tendo 80% do mercado americano e 20% do gosto brasileiro”.
Quem vai comandar a operação nos Estados Unidos é o fi lho de Sylvio, Rafael, que estudou Administração no país e trabalhava como auditor da Ernest & Young. Outro detalhe pensado é o ticket médio. “Vamos trabalhar na faixa de US$ 15, que é um valor atraente. É preciso ter consciência do gosto do americano, do que eles não apreciam, de preços a serem praticados. Quem entra neste mercado só por entrar, acaba caindo, e por isso nos preparamos com tanto cuidado”.
Paralelo a isso, Sylvio acabou virando parceiro de duas empresas americanas que vão investir no Brasil. “Vamos trazer uma pizzaria e uma de culinária mexicana. Abriremos uma loja de cada no Recife e no Rio de Janeiro. Diferente da maioria, estou indo na contramão da crise. Não quero fi car parado esperando a crise nos derrubar. Estou buscando e abrindo novas oportunidades”, confessa.
Quanto custa uma franquia Camarão & Cia
Investimento inicial
A partir de R$ 450 mil (sem incluir ponto comercial)
Taxa de franquia
R$ 60 mil
Taxa de royalties
6% sobre o faturamento bruto
Taxa de publicidade
2% sobre o faturamento bruto
Faturamento médio mensal
R$ 140 mil
Prazo médio de retorno
De 24 a 36 meses
Prazo de contrato
5 (cinco) anos
Área mínima
32 metros quadrados
Secom
Quase todo o camarão do Grupo Drumattos é adquirido da Fazenda Secom Aquicultura Indústria e Comércio S/A. A fazenda foi implantada em maio de 1982 na localidade denominada Pontal do Anel, entre os povoados de Macapá, Mexeriqueiras e Carapebas, município de Luís Correia, e hoje é a maior do Estado do Piauí.
Os camarões são da espécie Litopenaeus vannamei. A fazenda tem 900 hectares de área, sendo que 250 ha são ocupados por viveiros de engorda, que produzem de 80 a 100 toneladas de camarão por mês. Cerca de 200 hectares são reservados para futura expansão e os demais 450 hectares formam uma grande área verde dedicada à sustentabilidade ambiental.
De quatro a seis contêineres de 20 toneladas seguem mensalmente para o Porto de Pecém, próximo a Fortaleza (CE), com destino à Europa (sobretudo Espanha, França e Portugal) e aos EUA, totalizando 85% da produção do Grupo Secom para o mercado externo.
Fonte:
http://www.revistanegociospe.com.br/...osto-Americano